VII Encontro de Outono do Fórum Português de Administração Educacional: Plataformas informáticas nas Escolas: ao serviço da autonomia ou do controlo?
Plataformas informáticas nas Escolas: ao serviço da autonomia ou do controlo?
Sem dúvida que da maior complexidade, diversidade e expansão tecnológica digital, principalmente no campo da educação, decorrem novos problemas que o recorrente uso que delas fazemos, seja em termos didático-pedagógicos ou em atividade de natureza administrativa e de gestão, explicam. Todavia, a par dos benefícios que todos lhe reconhecemos, e que a situação pandémica acabaria por corroborar, a verdade é que não podemos deixar de as questionar “enquanto (também) tecnologias de dominação, controlo e alienação; meios de publicitação competitiva ou de marketing educacional; instrumentos para o desenvolvimento de formas de accountability digital, entre outras funções” (Afonso, 2021, p. 4). De resto, consideração que nos impele à reflexão sobre a dimensão ideológica que a educação digital transporta (Selwyn et al., 2016) na relação que estabelece com a tecnologia digital.
Se a atualidade nos confronta com a sua quase inevitabilidade, também não podemos deixar de considerar os discursos produzidos à escala nacional e transnacional que a apresentam, à educação digital, como motor do desenvolvimento económico e social, exigindo mais competências digitais para que a transição digital se concretize, dando suporte à ideia de que se encontra em curso a quarta Revolução Industrial (Lima, 2021).
Modernizar, desmaterializar e desburocratizar, garantindo maior eficiência e eficácia (Carvalho & Loureiro, 2021; Catalão & Pires, 2020; L. Lima, 2012) assume-se como o novo discurso da modernidade e, por isso, deixamos de estranhar as mudanças operadas a um nível, quiçá, demasiado acelerado, naturalizamos a sua presença colonizadora à custa de uma retórica que muito enaltece os seus benefícios, “suspendendo a referência aos problemas quanto ao acesso socialmente estratificado a tais artefactos tecnológicos e à sua fruição, tal como aos possíveis usos, de feição distópica, do poder digital” (Lima, 2021, p.3), ou mesmo à desumanização que a tomada de decisão acabará por transportar.
2022-11-21 10:55:33